ENTREVISTA #3 - Professor de Educação Física: Fernando Marlos

O editorial do site realizou mais uma entrevista da série Profissionais da Educação com o professor Fernando Marlos. Formado em Educação Física pela UNIFOA, especialista em Ciências do Treinamento Desportivo de Alto Nível - UFRRJ, tem 21 anos de formado, ex-preparador físico do Volta Redonda Futebol Clube (Sub-17, sub-20 e profissional). Trabalhou na Associação Atlética Comercial e Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Atualmente trabalha na Prefeitura Municipal de Piraí e no Colégio do Instituto Batista Americano em Volta Redonda/RJ.

Professor Fernando Marlos

Vivências Corporais: Por que o senhor escolheu a área de Educação Física para atuar?

Professor Fernando Marlos: Desde de criança sempre pratiquei esportes. Na escola eu perdia uma aula de educação física. O futebol, basquete, natação e futsal sempre pratiquei. Com isso, desde os meus 15 anos fui sempre pensando em me formar em educação física.

Vivências Corporais: Como você avalia o ensino na escola pública?

Professor Fernando Marlos: Sinceramente é muito fraco. Temos muita qualidade de profissionais que desejam que a educação seja forte e que siga um caminho de aprendizado para o aluno. Mas não temos gestores capacitados e que tenham coragem de mudar o formato de ensino no país. Tanto na União, nos estados ou nos municípios, muitos municípios não levam a educação a sério. Falta professores, a merenda não é de qualidade, as capacitações para os profissionais são fracas, os professores são mal remunerados e falta estrutura para trabalhar nas escolas. Estamos no século XXI e muitas escolas ainda não tem quadra coberta, laboratório de ciências, salas de informática, quadros brancos e bibliotecas.

Vivências Corporais: Qual a relevância do ensino de educação física na escola?

Professor Fernando Marlos: Não vejo o sistema de ensino sem a educação física em todos os segmentos dela. A educação física melhorou muito e os profissionais desta área mudaram a sua forma de trabalhar. Não consigo ver um profissional de nossa área sem o envolvimento com a escola que ele trabalha. Eu costumo dizer que o profissional da escola que não trabalha em parceria conosco perde muito com isso.

Vivências Corporais: O senhor pode falar um pouco sobre a sua experiência em projetos de grande porte como o Superando Limites .

Projeto Superando Limites

Professor Fernando Marlos: Realizar um projeto de grande porte não é fácil. Primeiro que para realizar um projeto de grande porte temos que ter uma equipe muito boa trabalhando com você. Da equipe diretiva ao funcionário novo que entrou na escola tem que estar afinados para isso. Lógico que sempre teremos alguém que por ciúmes ou vaidades não irão querer participar. É normal e já estou acostumado com isso. O projeto superando limites tem uma característica de diferente. Levamos o atleta até a escola para que conversem com os alunos sobre superação, motivação e autoestima. Antes da visita do ídolo os professores realizam ações em conjunto com os alunos para a homenagem que farão para o ídolo que visitará. Com isso trabalhamos as habilidades socioemocionais (participação, respeito, solidariedade, trabalho em equipe e etc...), a inclusão social dos alunos, a interdisciplinaridade entre os professores e o estímulo dos alunos a conhecerem os outros esportes além dos que já estão na grade curricular. E sem os funcionários que limpam a escola, preparam o lanche e dão todo o suporte que precisamos não funcionaria em nada o projeto. 

Vivências Corporais: Como o senhor analisa a relação de ex-atletas na área de educação física? Que tipo de contribuição pode ser compartilhada por eles?

Professor Fernando Marlos: Nós professores de educação física temos uma ferramenta nas mãos maravilhosa: o esporte. O esporte já é encantador por natureza. Choramos, ficamos alegres e nos condiciona fisicamente. Quando levamos um atleta, sendo olímpico ou não até a escola, o aluno vivencia na prática o que falamos em sala de aula. Falamos do esporte em sala, alguns temos a oportunidade de praticar e temos a cereja do bolo que é o atleta. Com esta ação os alunos percebem que são pessoas comuns como os atletas. Ganham, perdem e tem que lutar muito para conquistar os seus objetivos. E que no caminho haverá muitos obstáculos e que cada um terá que superar para atravessá-los. 

Geovane Gávio - Projeto Superando Limites

Luiz Lima - Projeto Superando Limites

Vivências Corporais: É utópico pensar que o senhor irá presenciar e contribuir com a construção de um Plano Nacional do Esporte no Brasil?

Professor Fernando Marlos: É o que desejamos há anos. Mas infelizmente se houver este dia de discussão será apenas para os professores engravatados do CONFEF, CREF's e universidades. Os professores da base que estão lá embaixo e que possuem muitas ideias e tem o contato com os alunos/atletas dificilmente terão esta oportunidade. O esporte é secundário no país. Não se tem nem treinamento desportivo nas escolas e queremos bater recordes em Olimpíadas. Esporte e educação trabalham separados. Quando se unir poderá melhorar e muito.

Vivências Corporais: Dê as suas considerações finais.

Professor Fernando Marlos: Eu convido a todos os professores que desejar participar do Projeto Superando Limites possam ir até a nossa escola. A Escola Municipal Luiz Marinho Vidal - Piraí/RJ ficará honrada em receber os alunos de outras escolas para ter uma oportunidade única com os atletas. 

É só entrar em contato pelo e-mail: fernandomarlos@gmail.com

O editorial do site Vivências Corporais agradece a entrevista concedida pelo professor.

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Até a próxima!